Dragão Barbudo da Austrália: o lagarto que muda de sexo com a temperatura

Pesquisadores revelam como o dragão barbudo da Austrália (Pogona vitticeps) altera o sexo em função da temperatura. Entenda a descoberta genética.

9/14/20252 min read

O surpreendente dragão barbudo

Entre os répteis mais fascinantes da Austrália está o dragão barbudo central (Pogona vitticeps). Reconhecido pela barba espinhosa que infla como forma de defesa ou comunicação, esse lagarto é capaz de sobreviver em desertos, savanas e florestas subtropicais. Além disso, é muito popular como animal de estimação em diferentes partes do mundo.

Mas o que realmente chama atenção é um fenômeno raro: o dragão barbudo pode mudar de sexo dependendo da temperatura de incubação dos ovos. Um macho com cromossomos sexuais ZZ pode se tornar uma fêmea fértil se exposto a calor elevado durante o desenvolvimento embrionário.

A descoberta científica por trás da mudança de sexo

Pesquisadores da China, Austrália, Singapura e da Universidade Autônoma de Barcelona realizaram um estudo inovador publicado na revista GigaScience (Oxford University Press).

O trabalho reuniu sequenciamento genético de machos e fêmeas, utilizando tecnologias diferentes, mas complementares. O fato de ambos os grupos chegarem ao mesmo resultado reforça a relevância da descoberta.

O papel dos genes na determinação sexual

O sequenciamento revelou detalhes cruciais sobre os cromossomos sexuais Z e W do dragão barbudo, destacando regiões não recombinantes. Entre os principais genes investigados estão:

  • Amh (hormônio antimülleriano)

  • Amhr2 (receptor do Amh)

Nos machos, esses genes aparecem em duplicata, enquanto nas fêmeas estão em cópia única. Essa diferença pode ser a chave para explicar como a temperatura influencia a mudança de sexo.

De acordo com os cientistas, a expressão desses genes varia conforme o ambiente térmico, sustentando a hipótese de determinação sexual dependente da temperatura (TSD).

Impactos para a ciência e evolução dos vertebrados

Qiye Li, pesquisador do BGI, destacou que a sinalização AMH desempenha papel central no processo. Já Arthur Georges, de Canberra, acredita que os resultados abrem novas portas para áreas como:

  • Estudos sobre o desenvolvimento cerebral e comportamental.

  • Pesquisas comparativas entre vertebrados.

  • Compreensão mais profunda da evolução dos sistemas sexuais.

Assim, o dragão barbudo deixa de ser apenas um lagarto exótico e passa a ser um modelo biológico fundamental para investigar a relação entre genética e ambiente.

Uma curiosidade incrível sobre a vida selvagem

O caso do dragão barbudo mostra como a natureza quebra paradigmas da biologia. Esse réptil nos lembra que a vida selvagem ainda guarda mistérios capazes de transformar nossa compreensão sobre evolução, genética e adaptação.